Braskem: Entenda o Acordo Que Pode Mudar a Maior Petrolímica das Américas

Por Luiz A Sanfer |

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Créditos da imagem: Freepik

Braskem Tem Novo Dono? O Que Significa a Chegada da IG4 Capital

Parece que o longo e turbulento capítulo da Novonor (antiga Odebrecht) na Braskem está perto do fim. E o novo personagem principal dessa história é um fundo de investimentos que você talvez não conheça, mas que agora assume um papel central no futuro da maior petroquímica das Américas.

O anúncio do acordo de exclusividade entre a Novonor e a IG4 Capital não é só mais uma notícia corporativa. É o possível desfecho de uma novela que mistura dívidas bilionárias, um passivo ambiental grave e a busca por um novo rumo para uma gigante industrial. Para nós, investidores e observadores do mercado, a pergunta que fica é clara: isso é um bom negócio para a Braskem?

Vamos além do comunicado à imprensa e destrinchamos o que essa operação de R$ 20 bilhões realmente representa.

O Acordo Explicado: Quem Sai, Quem Entra e Quem Fica

Em termos práticos, a Novonor não está simplesmente “vendendo” sua participação. Ela está transferindo o controle para um fundo gerido pela IG4. A estrutura é fundamental para entender o novo poder:

  • A Saída (Parcial) da Novonor: A holding, que controlava a Braskem há décadas, vende sua participação majoritária. Ela não some do mapa, mas fica com uma fatia residual de apenas 4%, perdendo totalmente o controle.
  • A Entrada da IG4 Capital: O fundo de private equity assume o lugar da Novonor como controlador, ficando com 50,1% do capital votante. Isso significa que a IG4 terá a palavra final nas decisões estratégicas.
  • A Permanência da Petrobras: A estatal, segunda maior acionista, mantém sua participação e seu assento no conselho. A Braskem passa a ter um controle compartilhado: a IG4 no volante, com a Petrobras como um copiloto poderoso ao lado.

Em resumo: O controle sai das mãos de uma holding endividada (Novonor) e vai para as mãos de um fundo especializado em reestruturar empresas (IG4), com a Petrobras mantendo forte influência.

Por Que Isso Acontece Agora? A Pressão da Dívida e do Passivo

Esse movimento não é uma surpresa. Ele é a consequência inevitável de duas montanhas que a Braskem e a Novonor precisam escalar:

  1. O Gigantesco Passivo de Maceió: As operações de mineração de sal-gema em Alagoas, que causaram rachaduras e desabamentos em bairros de Maceió, criaram um passivo ambiental e social estimado em dezenas de bilhões de reais. A Braskem precisa de capital e fôlego para resolver esta crise, o que pressiona seus resultados e sua imagem.
  2. A Dívida Herdada da Lava Jato: A Novonor, ainda se reerguendo do escândalo, deu suas ações da Braskem como garantia para empréstimos bilionários. Vender este ativo é a maneira mais direta que ela encontrou para aliviar seu balanço e quitar credores. Os R$ 20 bilhões mencionados no acordo referem-se justamente ao montante de dívida que será assumido ou reestruturado pela IG4.

IG4 Capital: Quem é o Novo Controlador?

Aqui está um ponto crucial que muitos vão ignorar. A IG4 Capital não é um investidor qualquer. Ela é um fundo de private equity focado em ativos complexos na América Latina, muitas vezes em situações que exigem uma “virada” (turnaround).

O comunicado deles foi revelador: falam em “continuidade operacional” da gestão atual (tranquilizando o mercado no curto prazo) mas também deixam claro que há “trabalhos preparatórios para um plano abrangente de turnaround”. Isso é código para: “Vamos analisar tudo, otimizar custos, revisar estratégias e potencialmente fazer mudanças profundas para extrair valor.”

Em outras palavras, a Braskem não será mais tratada como um ativo de um conglomerado em recuperação judicial. Ela será o projeto principal de um fundo cujo sucesso depende de fazer essa empresa valer mais no futuro.

E Agora? 3 Possíveis Cenários Para o Futuro da Braskem

O que um controlador como a IG4 pode trazer? Vamos especular com base no perfil do fundo:

  1. Cenário de Reestruturação Feroz (Mais Provável): A IG4 fará uma limpa. Pode vender ativos não essenciais, cortar custos com “lupa na mão” e buscar eficiência máxima. O foco será gerar caixa para lidar com o passivo de Maceió e pagar a dívida. Pode ser um período doloroso, mas necessário.
  2. Cenário de Novos Investimentos: Com a dívida reestruturada e um controlador com capital, a Braskem pode finalmente respirar para investir em projetos de crescimento ou em química “verde”, uma demanda global. A parceria com a Petrobras para fontes de matéria-prima pode se fortalecer.
  3. Cenário de Nova Venda no Médio Prazo: Fundos de private equity normalmente têm um horizonte de investimento de 5 a 7 anos. O plano da IG4 pode ser justamente fazer a “lição de casa” pesada (limpar o passivo, organizar as finanças) para, no futuro, vender a empresa (ou parte dela) por um valor muito maior, possivelmente até no mercado internacional.

Veredito: Um Novo Começo, Com Muitos Desafios Pela Frente

A chegada da IG4 Capital é, sem dúvida, a maior virada de página para a Braskem desde sua fundação.

  • O lado positivo: Tira a empresa da sombra dos problemas da Novonor, traz um controlador com capital e expertise em resgatar empresas, e pode agilizar a solução para a crise de Maceió.
  • O lado cauteloso: O caminho do turnaround é árduo. Pode envolver cortes, reavaliações duras e um foco intenso no curto e médio prazo. A incerteza sobre os planos específicos da IG4 gera volatilidade.

Para o mercado de ações (BRKM5), o movimento remove um grande “overhang” (a pendência da venda). Agora, a cotação passará a refletir menos o risco da Novonor e mais a expectativa sobre a competência da nova controladora.

Uma coisa é certa: a era da Braskem como uma extensão da Odebrecht acabou. Agora, começa a era da Braskem como um projeto de private equity. O sucesso desse novo capítulo dependerá de como a IG4 equilibrará a pressão por resultados financeiros com a enorme responsabilidade social e ambiental que herdou.

O que você acha? A entrada da IG4 é o remédio amargo que a Braskem precisava para renascer?

Fonte: Investimentos e Notícias

Luiz A Sanfer

Sou editor-chefe do Reveio, especialista em tecnologia, reviews e guia de compras. No site desde 2020, formado em Ciências da Computação. Além de grande fã da área TI, sou apaixonado por estratégia digital, gestão de pessoas.

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