Créditos da imagem: Cath Virginia / The Verge
Google Zero sob investigação: por que a UE está pressionando o Google no uso de IA
A União Europeia abriu uma investigação formal contra o Google após suspeitas de que a empresa estaria usando conteúdo de sites e criadores do YouTube para treinar seus recursos de IA — sem oferecer compensação justa ou permitir que os autores rejeitem esse uso.
E essa disputa coloca no centro um termo que vem assustando o mercado digital: Google Zero.
O que é Google Zero — e por que ele representa uma ameaça para editores?
O conceito de Google Zero descreve um cenário no qual a Pesquisa Google deixa de enviar usuários para sites de terceiros, exibindo respostas completas dentro da própria plataforma através de IA generativa.
Isso cria três grandes riscos:
- Queda drástica de tráfego orgânico para sites e blogs.
- Perda de receita para criadores, veículos de mídia e plataformas independentes.
- Dependência extrema do próprio Google como intermediário de informação.
A investigação da UE surge justamente porque muitos editores temem que o Google esteja acelerando esse processo ao usar seus conteúdos sem permissão adequada.
O foco da investigação: conteúdo usado sem compensação
A Comissão Europeia listou várias preocupações, incluindo:
1. Uso de conteúdo de sites em funcionalidades como:
- Resumos com IA na Busca,
- Modo de IA do Google Search,
- Visões gerais geradas por modelos Gemini.
Segundo a UE, esse material pode estar sendo usado sem:
- compensação financeira,
- transparência,
- e mecanismos claros de opt-out.
2. Conteúdo do YouTube usado para treinar IA do Google
O problema fica ainda maior no YouTube:
as regras da plataforma permitem que o Google use vídeos enviados pelos criadores para treinar seus próprios modelos — mas proíbem que esse material seja utilizado por modelos concorrentes.
Ou seja, uma vantagem desleal.
O grande ponto crítico: é possível bloquear a IA sem perder visibilidade na Busca?
Essa talvez seja a parte mais sensível da investigação.
A UE quer entender se:
- Um editor pode impedir que seu conteúdo seja usado pela IA,
sem ser punido no ranking da Pesquisa Google.
Hoje, muitos criadores afirmam que não possuem essa garantia.
E isso pode caracterizar abuso de posição dominante.
O risco para o Google: multas gigantescas
Se o Google for considerado culpado por violar as regras de concorrência do bloco europeu, poderá receber multas de:
📌 até 10% do faturamento global anual.
Só em 2024, a Alphabet registrou US$ 350 bilhões em receita.
Isso significa que a multa pode chegar a:
➡ US$ 35 bilhões.
A Comissão Europeia afirmou que a investigação será conduzida como prioridade máxima — mas ainda sem prazo para conclusão.
O que diz a UE?
Teresa Ribera, Comissária Europeia da Concorrência, destacou:
“Uma sociedade livre depende de meios de comunicação diversificados e acesso aberto à informação. A IA traz benefícios, mas não pode avançar às custas dos princípios que regem nossas democracias.”
A fala reforça que a preocupação vai além da concorrência: envolve equilíbrio de poder, transparência e impacto social.
Por que isso importa para criadores, sites e toda a internet?
A investigação toca em pontos cruciais:
✔ Sustentabilidade da mídia digital
Se o tráfego orgânico cair, muitos sites podem perder o modelo de negócio.
✔ Transparência no uso de IA
Criadores precisam saber como, quando e para que seus conteúdos são usados.
✔ Competitividade no mercado de IA
Se apenas o Google puder treinar modelos com vídeos do YouTube, ele terá um monopólio informacional.
✔ Sobrevivência de veículos independentes
Quanto menos tráfego externo a Busca gerar, mais dependentes todos ficam do Google.
O caso Google Zero pode definir o futuro da web aberta
A investigação da UE é mais do que uma disputa regulatória.
Ela representa uma batalha pelo futuro da internet como conhecemos — uma internet onde:
- há tráfego
- há criadores independentes
- há competição
- e há um ecossistema sustentável.
Se a IA generativa for alimentada por conteúdo sem compensação e substituir o clique tradicional, o impacto será enorme.
E o caso Google Zero pode se tornar um marco histórico nesse debate.








