Créditos da imagem: Jeremy Carrasco
Já parou para pensar que o seu feed de vídeos pode estar cada vez mais falso? Não estou falando de fake news óbvias, mas de uma inundação silenciosa de conteúdo gerado por Inteligência Artificial.
A verdade é chocante: a IA generativa, que antes parecia uma ferramenta futurista, está se tornando a maior ameaça para quem vive de criar conteúdo online, a chamada economia dos criadores. O mercado de influenciadores, avaliado em bilhões, pode estar à beira de um colapso.
Para entender o tamanho do perigo, precisamos conhecer a história de Jeremy Carrasco. Ele é um produtor que se tornou um dos maiores nomes em “alfabetização em IA” nas redes, acumulando centenas de milhares de seguidores rapidamente. Seu alerta é claro: o jogo mudou e, se você é um criador ou apenas um consumidor, precisa entender o que está em risco.
🤖 O Barulho de um Futuro Artificial: O Alerta de Jeremy Carrasco
Jeremy queria falar sobre o lado positivo da IA, sobre como usá-la de forma ética. Ele até batizou sua página de showtoolsai com esse idealismo. Mas, como ele mesmo percebeu, a realidade é outra.
Ele notou um gap gigante na conversa: ninguém estava ensinando o básico—como saber se um vídeo é real ou se foi gerado por programas como o Sora. Quem estava falando sobre IA eram as próprias empresas de tecnologia, e não quem está na linha de frente da produção de conteúdo.
A falta de transparência é o motor dessa crise. Se até quem está produzindo não quer que você saiba a verdade, a confiança do público desaparece.
Manual de Sobrevivência: Como Identificar Vídeos Gerados por IA
Jeremy mergulhou fundo e montou uma espécie de “guia de detetive” para identificar o que ele chama de Sora Noise (Ruído de Sora) ou os “resíduos” de IA. Preste atenção nesses detalhes que costumam entregar o conteúdo artificial:
- Pele “Perfeita” Demais: Texturas de pele excessivamente suaves e vibrações que parecem de sonho.
- Fundos Inconsistentes: Objetos que aparecem ou desaparecem no fundo.
- Problemas com Texto: Letras estranhas ou algarismos sem sentido em documentos e sinais.
- Olhos Vacilantes: Olhos que piscam ou se movem de forma não natural.
- Dentes Suspeitos: Dentes que são assustadoramente perfeitos e alinhados.
- Padrão de Fala Estranho: Ritmo de fala apressado ou ligeiramente robótico.
💰 Por Que a Economia dos Criadores Está em Risco
A economia dos criadores é, na essência, uma economia de atenção. E agora, os criadores humanos precisam competir com um fluxo virtualmente infinito de conteúdo feito em segundos. A barreira para produzir vídeos está zerando, e o objetivo nem sempre é educativo—muitas vezes é puramente financeiro.
O Risco da Desvalorização do Conteúdo
Um simples clipe de IA de 7 segundos, que por si só não vale nada, pode ser reunido em uma compilação de 1 minuto. Se essa compilação atingir milhões de visualizações, pode gerar um dinheiro significativo através do Fundo para Criadores (Creator Fund) do TikTok. Para um criador em um país em desenvolvimento, isso pode ser uma fonte de renda, mas é um tipo de renda baseada na desinformação e na saturação.
Os Níveis da Ameaça: De Golpes Simples ao Sequestro de Imagem
A situação piora muito. A IA não é usada só para gerar vídeos de gatos engraçados, mas para roubar.
- Golpes Simples (Exemplo Yang Mun): Contas geradas por IA promovem golpes de saúde ou vendem e-books baratos, mas inexistentes, ou inteiramente gerados por IA, lucrando com a confiança do público.
- Sequestro de Imagem (Exemplo Maddie Quinn): Pior ainda, contas roubam vídeos de criadores reais, substituem o rosto da pessoa por um avatar de IA (Deepfake) e, em casos extremos, usam essa imagem roubada para fins ilícitos, como conteúdo adulto.
⚖️ A Grande Falha: Plataformas e a Ética da IA Generativa
O colapso da economia criadora está sendo acelerado pelas próprias plataformas (Instagram, TikTok, YouTube). Elas se permitiram ser inundadas com “resíduos de IA” e, o que é mais grave, não estão sequer aplicando de forma consistente as poucas regras de rotulagem de conteúdo de IA que já existem.
A Publicidade Artificial e o Fim dos Patrocínios
Se o seu maior faturamento vem de patrocínios, prepare-se. Jeremy alerta que os criadores são, na prática, agências de publicidade ambulantes. No entanto, grandes empresas como Meta e Amazon estão investindo em seus próprios serviços de anúncios generativos de IA.
- O Risco: As empresas venderão serviços de publicidade diretamente aos clientes usando IA para criar vídeos. Isso elimina a necessidade do influenciador humano, “atrapalhando toda a economia dos criadores”.
💡 Onde Está a Saída? O Dilema Ético e o Futuro da Criação
Questionado se existe um uso ético para a IA no espaço criador, Jeremy diz que geralmente não, mas hesita em dizer um “não” definitivo, citando acessibilidade e considerações culturais.
Essa é a grande lacuna que precisamos explorar:
- O Lado Positivo (O Uso Ético): A IA pode ser uma ferramenta incrível para acessibilidade (legendas automáticas e tradução instantânea), para ajudar criadores com deficiência a produzir conteúdo, ou para tarefas repetitivas (edição de rascunhos, sugestão de temas).
- A Única Defesa (Sua Marca): Enquanto a IA pode copiar um vídeo, ela não pode copiar sua autenticidade. A salvação dos criadores será focar em nichos muito específicos, construir comunidades fortes e, acima de tudo, priorizar a confiança e a conexão humana que a IA jamais replicará.
Conclusão: A única maneira de o vídeo de IA generativo ser produzido em massa, como é hoje, é “roubando um monte de dados de pessoas”, o que é fundamentalmente falho. O desafio para você, criador ou consumidor, é: vamos rejeitar essa falha e valorizar o que é real, ou vamos aceitar o colapso por conveniência? A escolha é nossa.








